Os perigos do consumo de álcool por vias anal e vaginal

Hoje venho falar a respeito de uma reportagem (abaixo) publicada esta semana pelo Terra que me deixou extremamente preocupada: o consumo de álcool por vias anal e vaginal.

Pois é, infelizmente não se trata de uma brincadeira. Jovens vem “ingerindo” bebida alcoólica através do ânus (introduzindo um tubo no reto), pela vagina (encharcando o absorvente com álcool), pelos olhos (pingando gotas de álcool) e também tomando o álcool em gel.

Em um primeiro momento pode parecer que este tema nada tem a ver com sexualidade, mas tem sim. Está relacionado diretamente ou indiretamente com: baixa autoestima; necessidade de satisfação e prazer imediatos; necessidade de anestesia, euforia, fuga da realidade e desinibição; invasão da sua intimidade (descuido com seus órgãos genitais); despreocupação com a própria saúde; comportamento de risco; e dificuldade de lidar com o tempo e com a impulsividade.

É triste constatar que estas pessoas não estão mais buscando sequer o prazer de beber, a apreciação da bebida de que gostam. Elas também não tem nem mais a paciência para esperar a bebida fazer efeito, querem que o efeito seja instantâneo, tamanho é o seu imediatismo!

Essas práticas estão sendo encontradas com maior freqüência nos EUA e na Europa, porém também já foram registrados casos aqui no Brasil. Houve inclusive casos de jovens que entraram em coma alcoólico em função delas. Segundo os médicos, os riscos destas práticas são praticamente os mesmos que os da ingestão oral, pois o que mais importa é a quantidade de álcool ingerida. O problema é que, em terminações nervosas e mucosas, o álcool é absorvido mais rapidamente, o que faz com que os jovens tenham menos percepção de que chegaram ao seu limite e que devem parar de beber. Além disso, ingerindo álcool desta maneira, o corpo perde a capacidade de se defender provocando o vômito, que é um reflexo natural para evitar a ingestão de mais álcool.

É importante lembrar sempre que O ÁLCOOL É UMA DROGA, e uma das drogas que mais tem matado no mundo! Os jovens e os adultos tem ingerido uma quantidade cada vez maior dela. Além disso, a banalização do álcool também é preocupante. Os comerciais de cerveja só mostram mulheres gostosas, sol, praia, amigos e curtição. Essas mensagens “subliminares”, na realidade até bastante explícitas, vão entrando no nosso cérebro desde pequenos e a associação que se faz é a de que álcool está diretamente relacionado com felicidade. Outra constatação desta associação se dá em churrascos. Hoje em dia, churrasco sem cerveja não é churrasco, é simplesmente incabível. Criou-se um consenso de que onde há festa tem que haver álcool. Olha só o perigo destas associações!!!

Muitas vezes sem percebermos estamos passando essas mensagens às crianças, aos jovens, aos nossos filhos. Temos que tomar muito cuidado com frases como: estou bebendo para relaxar; vamos comemorar tomando alguma bebida alcoólica, o famoso “bebemorar”… Precisamos educar esta geração mostrando que na vida é necessário empenho e dedicação para plantar, semear para depois colher os frutos do nosso trabalho. E que tudo o que fazemos hoje influencia naquilo que nos tornamos amanhã. Gosto muito da frase: somos livres em nossas escolhas, mas escravos das consequência. Devemos educar para o amor próprio!

É muito importante diante de uma situação tão séria como esta pararmos para refletir: como eu estou interferindo para ajudar a mudar esta realidade? O que será que eu tenho feito que pode estar incentivando direta ou indiretamente para o aumento dela? O que eu tenho feito de forma geral?

 

Consumo de álcool por vias anal e vaginal preocupa médicos

 

AlcoolAdolescentes têm assustado pais e médicos com consumo exagerado de álcool via anal, vaginal e até pingando no olho

Recentemente, um jovem americano foi hospitalizado em coma alcoólico depois de introduzir uma grande quantidade de vinho por meio de um tubo inserido no reto.

Além de consumir bebida via anal, vários jovens no mundo têm assustado pais e médicos com métodos nada convencionais de se embriagar. Nos Estados Unidos e Europa, vídeos se espalharam na internet com adolescentes pingando vodca nos olhos, método chamado por eles de “vodka eyeballing”. Meninas que encharcam absorventes internos de álcool e os colocam na vagina também tem parecido uma prática difundida, além de beberem álcool em gel.

Segundo a Dra. Zila Van Der Meer Sanchez, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Unifesp, os adolescentes que chegam aos prontos-socorros alcoolizados usam menos destas práticas no Brasil do que em outros países, apesar de casos terem sido registrados.

“Os riscos para quem consome álcool desta maneira são exatamente os mesmos de métodos convencionais. O que conta é a quantidade de álcool ingerida, porque independente de onde for, o corpo vai absorver do mesmo jeito”, explicou ao Terra

O clínico geral do Hospital das Clínicas, Dr. Arnaldo Lichtenstein, também alerta para o uso cada vez maior de álcool. “O grande problema é o uso abusivo do álcool, independente da via”.

No entanto, além do comportamento extremamente invasivo ao corpo, o ânus, por exemplo, tem mais terminações nervosas e mucosas mais expostas, o que causa uma absorção mais rápida e compromete a percepção da quantidade ingerida.

“Se for tomando de pouquinho em pouquinho, a pessoa vai sentindo e consegue identificar mais fácil a hora de parar. Mas, mesmo assim, depois de parar ainda há uma grande quantidade de álcool no estômago para ser metabolizado e, neste ponto é comum as pessoas passarem mal, vomitarem e colocarem para fora o que ainda não foi absorvido. No entanto, nestes casos de consumo por outras vias, a substância vai ficar ali até ser completamente absorvida”, informou.

Além do estômago e intestino, o álcool é mais rapidamente absorvido pelas mucosas do corpo, desde a boca até o ânus e a vagina. “A absorção é muito grande pelas mucosas. Se você bebe uma taça de vinho e demora uma hora ou duas para ser processado, o consumo pela mucosa leva minutos”, explicou o Dr. Arnaldo Lichtenstein.

“O problema é que o álcool é irritante. Do mesmo modo que irrita o estômago, vai irritar o olho e causar uma conjuntivite, no ânus e na vagina vai acontecer a mesma coisa e pode gerar problema sérios a curto, médio e longo prazo”, esclareceu o clínico do HC.

Os adolescentes que bebem álcool em gel podem ter reflexos no fígado. “Você vai sobrecarregar seu fígado com as substâncias que têm no produto, além do álcool. Pode intoxicar e vai retardar o metabolismo”, informou a Dra. Zila Van Der Meer.

Vale ainda esclarecer que a exceção é pingar bebida no olho, prática que não tem efeito nenhum. “Esta história de pingar nos olhos, teria que ser um caminhão de álcool para deixar bêbado. Nesta região não tem nenhuma relação fazer isto”, comentou a especialista.

Em relação ao consumo via anal, ela esclareceu ainda: “pode dar uma concepção de violência sexual. Vai além do álcool, pode ter caráter de uma agressão sexual”.

O Dr. Arnaldo Lichtenstein ressaltou que a procura pelo prazer sexual também vem junto nestas práticas. “Isto é a busca pelo prazer mais rápido que está sendo misturado com sexualidade. São duas grandes sensações de busca de prazer”, explicou.

Ele alertou ainda que estas práticas não muito comuns acontecem há bastante tempo, mas o que mais preocupa é a quantidade exagerada de álcool que tem sido colocado em questão. “Esta busca desenfreada por sensações de euforia e anestesia é muito preocupante. Alguns pacientes falam em anestesia e usam estes meios mais rápidos para conseguir não só a desinibição que o álcool produz”, concluiu.

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