Pegar, ficar, namorar… por que precisamos rotular os relacionamentos?

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Parece que cada vez mais as pessoas estão aumentando o número de rotulações para contatos afetivos. Um dia desses, dando aula para uma turma de jovens, eles me ensinaram mais uma “fase” para os relacionamentos: o “pegar”.

A terminologia não é nova, muitas vezes era usado de forma mais vulgar, principalmente pelos homens, para se referir a “ficar com alguém”. Agora o termo é usado para uma etapa que acontece antes do “ficar”. O pegar é usado por eles para descrever um relacionamento apenas físico (beijar, passar a mão, e afins) com uma pessoa que você não conhece, ou acabou de conhecer, normalmente em baladas, festas e matines (para os adolescentes mais novos) e que geralmente dura somente alguns instantes.

Já o “ficar”, que já é uma forma recente de se relacionar, passa a ser um contato em que você conhece a pessoa, e possivelmente até fique algumas vezes, mas não envolve nenhum compromisso. Nada mais é do que uma forma de experimentar, tentar e conhecer uma pessoa que lhe pareceu interessante, qualquer que seja o motivo. Uma das minhas turmas usou uma definição para a hora em que o “ficar” vira um namoro, que eu achei muito interessante, e que é o momento em que deixa de haver apenas uma atração física e passa a ter também uma atração emocional! Neste momento, segundo eles, passaria-se para o namoro, ou seja, um relacionamento já com algum compromisso afetivo envolvido.

Existe também o “estar ficando” que é antes do namoro, quase como se fosse um teste para o namoro. Envolve um gostar que está testando para ver se vale a pena namorar. Uma questão importante em qualquer uma dessas “fases” é cuidar para não magoar ou decepcionar o outro. Então é importante que a intenção esteja clara. Existem muitas pessoas que querem mesmo só “ficar” ou “pegar”, se acharem outra pessoa que também quer apenas isso… é uma decisão pessoal.

Todos nós estamos percebendo que, cada vez mais, existe uma banalização da sexualidade, dos relacionamentos, que os vínculos estão mais superficiais, frágeis e vazios. Muitos pais me perguntam em palestras ou no consultório o por quê disso tudo.

Os motivos podem ser vários:

  • a banalização da sexualidade, dos corpos expostos, o que deveria ser intimo é exposto;
  • a diminuição de limites: muitos jovens fazem o que quiserem, na hora que quiserem, com quem quiserem;
  • nós estamos mais individualistas, pensando apenas em nós mesmos, e em nossas vontades, e acabamos fugindo das pessoas que não nos satisfazem;
  • também em função da diminuição de limites, surge uma intolerância à frustração, que gera uma dificuldade em persistir, em construir algo em conjunto; entre outros.

Outra influencia que penso ser grande é o exemplo, ou seja, como nós, adultos, temos demonstrado a importância dos relacionamentos. O que eles tem visto, ouvido ou sentido? Que exemplo verbal e não-verbal (gestos, comportamentos, expressões faciais e corporais) temos dado? Será que não estamos influenciando negativamente os nossos adolescentes e jovens adultos (afinal, este texto não trata apenas das experiências dos adolescentes, mas também dos jovens adultos, e dos adultos que estão “voltando ao mercado” em função de algum término de relação ou separação) a se relacionarem desta forma vazia? Onde está o carinho, o afeto, o amor, a demonstração de afeição? Nossa mente, coração e alma necessitam deles! Vamos procurar?

 

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